sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Desbotada

Eu não sei gritar.
Não sei bater porta, jogar um vaso na parede.
Não gosto muito de rock'n roll, de bateria.
Eu não gosto de gritaria.

Eu não gosto de shopping.
Porque o cinema tem que ficar lá?
Não gosto de filme de terror, suspense, policial, ação.
E também não gosto de montanha russa no parque de diversão.

Eu gosto de música calminha, dessas que enjoam.
Eu gosto de passear para ver as pessoas desconhecidas na rua.
Eu gosto dos filmes que contam história de pessoas.
Eu gosto de pessoas.

Eu sei ficar quietinha, eu gosto, eu fico.
Gosto daquela cafeteria que mal cabe a gente.
E também de ficar olhando pro nada.
Eu gosto de todas essas coisas com gosto e cheiro de nada.

Sem graça.
Sem sal, açúcar.
Sem nada.
Um colorido em tom pastel, quase desbotada.

Não desiste de me colorir?








domingo, 8 de julho de 2012

Ah, mar calminho...

Tem épocas que guardamos um furacão dentro do peito.
Não há como dar vazão a ventania que rodopia o coração - pula, chora, ri, quer saltar fora, quer ser um.
Para educar esse bicho mal domado, livre por natureza, só o tempo.
A mão leve que educa através dos passos curtos e lentos.
Amansa e conduz devagarinho, não faz correr nem voltar atrás.
Desce a serra dos sentimentos de bicicleta, sem deixar-se atropelar.

Quanta beleza no caminho.

Então encontra um mar calminho.
Já foi o tempo de ser furacão, quer ser água de verão, afundar e se molhar por inteiro.
Ficar.
Quer construir seu lar, morar numa conchinha, ter as estrelas de dia e de noite, quer ver o Sol beijar o mar.
Ah, mar calminho, um calorzinho bom... É o que ele sempre quis.