segunda-feira, 18 de julho de 2011

Goteira

Há dias que abro a janela e só enxergo cinza, como se o meu céu cor de rosa fugisse pra outra janela.
Meus problemas transformam-se, agigantam-se, amedrontam, perseguem... Meus fantasmas.
Sem céu e sem chão flutuo em um vazio que se apropria de tudo que me preenchia.

Dias que o melhor lugar para estar é um abraço, numa lacuna do tempo onde não importa se é segunda-feira e quantas horas tenho para dormir.
Leio e releio minhas próprias reflexões e fica a dúvida: quem é essa inabalável que vive dentro de mim?
E essa cara de choro é na verdade uma alergia às minhas fraquezas.

Meu coração não consegue respirar. Sufocado, apertado...
Sinto uma mão o esmagando, e quase vejo escorrer pelos braços a coragem, a confiança, tudo que me oxigena, que renova.
Resta a heroica palpitação que não desiste de mim.

Contrapondo essa tendência de caos tento lembrar de ser feliz.
Organizar as prateleiras dentro de mim, esticar os lençóis...
Repito: não amargar, não amargar, não amargar.
É mais fácil explicar um sorriso que uma lágrima.

É uma enxurrada de pensamentos, sensações, sentimentos, lembranças e saudade.
É uma tormenta onde não consigo nadar.
Não quero afundar, afogar, me perder, mas...

Na minha janela está chovendo, e tem uma goteira dentro de mim.


Um comentário:

  1. Hoje descobri, mais uma vez, que para viver, preciso morrer primeiro...
    Mesmo que seja afogada na goteira, para começar tudo outra vez no dia seguinte ...

    Beijo querida

    ResponderExcluir