Olho aqueles sobrados, lado a lado, cor verde erva-doce, mas falta doce...Falta gosto...É tudo igual!
Antes era um beco, um fim de mundo, no fim ficou tudo no chão. Ficou um vazio, valorizou.
Depois veio a fundação.
Antes, lá no beco, a vida não era fácil; muito ferro, pedras no caminho e os olhos cheios de areia...Precisa de algo mais concreto?
Esparramaram o concreto deles. Ah, fundaram!
E, tijolo por tijolo em um desenho lógico, foi-se a vida e vieram as paredes.
Infeliz engenharia, busca a lógica no óbvio, no igual.
O Engenheiro do mundo não planejou um piso frio e uma fachada monocromática.
O céu consegue ser diferente todo dia, isso é lógica.
No beco todo dia era diferente, cada semana uma parede nova, uma tinta, um lençol estendido colorindo o cenário. Não tinha casa verde erva-doce, mas não faltava doçura, não faltava tempero.
Tinha família de mãe solteira, pai solteiro, filho solteiro, vó e vô solteiro também.
Meia dúzia de carros parados na calçada, o fusca branco era o único que andava, estáticos, quase obras de arte.
Agora, nos sobrados, meia dúzia de gente igual, que pensa, ama e age igual.
Meia dúzia de carros iguais, indo aos mesmos lugares, educando seus filhos na lógica ilógica de um mundo monocromático.
Tenho saudade do beco, da harmonia desarmoniosa das cores e formatos, das crianças brincando, do velho pitando, da diversidade que se assemelha tanto com a grande obra do Engenheiro do mundo.
Por favor, não construam mais sobrados nem pessoas iguais, já estão sobrando.
Harmonia...equilíbrio...organicidade...
ResponderExcluirQue nunca a vida e o divino nos deixe esquecer desses conceitos!
Beijo querida!
Obrigada por captar tudo! Amo!
ResponderExcluiressa foto me parece familiar!
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