sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Desbotada

Eu não sei gritar.
Não sei bater porta, jogar um vaso na parede.
Não gosto muito de rock'n roll, de bateria.
Eu não gosto de gritaria.

Eu não gosto de shopping.
Porque o cinema tem que ficar lá?
Não gosto de filme de terror, suspense, policial, ação.
E também não gosto de montanha russa no parque de diversão.

Eu gosto de música calminha, dessas que enjoam.
Eu gosto de passear para ver as pessoas desconhecidas na rua.
Eu gosto dos filmes que contam história de pessoas.
Eu gosto de pessoas.

Eu sei ficar quietinha, eu gosto, eu fico.
Gosto daquela cafeteria que mal cabe a gente.
E também de ficar olhando pro nada.
Eu gosto de todas essas coisas com gosto e cheiro de nada.

Sem graça.
Sem sal, açúcar.
Sem nada.
Um colorido em tom pastel, quase desbotada.

Não desiste de me colorir?








domingo, 8 de julho de 2012

Ah, mar calminho...

Tem épocas que guardamos um furacão dentro do peito.
Não há como dar vazão a ventania que rodopia o coração - pula, chora, ri, quer saltar fora, quer ser um.
Para educar esse bicho mal domado, livre por natureza, só o tempo.
A mão leve que educa através dos passos curtos e lentos.
Amansa e conduz devagarinho, não faz correr nem voltar atrás.
Desce a serra dos sentimentos de bicicleta, sem deixar-se atropelar.

Quanta beleza no caminho.

Então encontra um mar calminho.
Já foi o tempo de ser furacão, quer ser água de verão, afundar e se molhar por inteiro.
Ficar.
Quer construir seu lar, morar numa conchinha, ter as estrelas de dia e de noite, quer ver o Sol beijar o mar.
Ah, mar calminho, um calorzinho bom... É o que ele sempre quis.



domingo, 27 de novembro de 2011

Céu, montanha e balanço.

Confiança vem do latim confidentia, confidere.
Com (palavra que intensifica) e fidere (acreditar, crer) que deriva de fides (fé).

Confiança vem do berço: ter um pai super-herói, uma mãe melhor do mundo.
Chorar e ser atendido.
Olhar para trás e não enxergar nenhum momento em que estivesse só.
Confiar com filialidade...

Ser filial é ser criança.
É caber no colo independente do tamanho das pernas, dos braços desengonçados.
Pedir carinho e cafuné, ser observado com ternura, com olhos que brilham, que guardam sempre uma lágrima na beirinha...
Olhar que quer conhecer o desenho do rosto, cada cicatriz, penetra na alma e faz cicatrizar tudo o que se carrega do passado.
Um olhar que diz que não vai deixar, não vai soltar; só amar e cuidar.
Olhar que lembra o céu...É o céu.

Confiança é quando meus pequenos olhos são fitados e nesse raro encontro minhas manchinhas transformam-se em montanhas.
Confiança é entender que as montanhas precisam do Sol para aquecer, derreter... Ter vida.
Confiança é saber que o Sol precisa das montanhas para ter sentido de existir.
Sentir que ambos sempre estarão ali...Eternamente.

Confiança é cair e saber que alguém vai te segurar.
Apertar as mãos forte e sentir o coração.
Chegar e saber que o abraço estará esperando, sempre...
É se permitir sentir.

Confiança é brincar de balanço.
Sozinho é possível brincar, mas sem voar muito alto.
Então você pede para alguém empurrar o balanço, sem medo de cair, de machucar...
O coração vai apertar, o ar vai faltar, mas você estará no alto.
E o mais alto é o céu.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sede como os pequeninos

"Quem quiser se aproximar se aproxime, mas não venha desrespeitar o Amor que me faz amar". Pe. Fábio de Melo

Quando se fala muito de amor é inevitável sofrer suas consequências.
Amor atrai, instiga, desperta a curiosidade, assusta, choca...
E os olhos são criativos; enxergam o que não veem, inventam, complicam.
Amar é tão simples, porque complicar?

Se meus olhos estão brilhando e trago um sorriso encabulado tenha certeza de que não tem explicação humana. É Deus se manifestando no meu semblante, é Ele, o próprio Amor.
E não é esse amor fantasiado, cheio de justificativas, de porquês, carregado, fardo pesado.
É Amor. Do mais puro, genuíno, sincero e Ágape, pois vem direto da fonte, do Amor Maior.

O mundo desaprendeu a amar, esqueceu o que é o amor.
O que era verbo hoje é substantivo, carregado de adjetivos para se explicar, prestar contas, quase que envergonhado por não ser mais o mesmo.
E o nosso coração pode se perder em meio a tanto "amor" enfeitado; tanto que ao vê-lo sem máscara, armadura ou espada, não o reconhece.
Passa despercebido, ou incomoda pela simplicidade...

Não tem receita, conselho, fórmula, indicação.
Eu tirei tudo o que protegia meu coração, o deixei totalmente exposto, confiei.
Por isso esses olhares doem, machucam, ferem...
Não me incomoda; o Amor que carrego no peito não deve nada, não pesa.

Então quem quiser se aproximar se aproxime, mas não desrespeite o Amor que me faz amar...

Amor que faz os olhos brilharem, sorrir, acarinhar, chorar, respeitar, querer ser melhor... Entregar tudo.

Só estou obedecendo: Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Não vou soltar

"No es en las palabras ni es en las promesas donde la historia tiene su motor secreto, solo es el amor en la cruz madurado, el amor que mueve todo el universo...". 

Sempre digo que é difícil falar do que nos é precioso, do que é mais nosso... E ultimamente tem sido difícil falar de Amor.
Talvez eu nunca tivesse experimentado uma saudação do Bom Deus de forma tão sensível, tão providente e especial.

Enxergo toda forma de Amor como manifestação do Amor de Deus por nós.
Se sou capaz de amar é porque fui, sou e sempre serei amado com um amor incondicional, quanto mais reconheço este amor na minha vida mais posso partilhar.
Um exercício constante de saber enxergar a Divina Providência atuando.

Amar dá medo. De perder, magoar, não ser compreendido, de deixar-se conhecer com qualidades e defeitos.
Se o amor é medíocre ele prende-se aos medos, mas se é capaz de educar-se, de alimentar-se de verdade, de querer ser melhor, de dizer e também silenciar, de sentir e doer, e deixar que doa, pois a dor também é lembrança...Eis o Ágape, o Amor Maior.

Amar nunca é demais, mas quando o amor é muito também assusta.
Quando digo que amo uma vez, já repeti mil vezes dentro de mim.
Aqui dentro tudo faz eco, tanto o que falo quanto o que escuto.
Preciso guardar as vezes, numa experiência de maturar o que sinto e assimilar o que o outro sente.

Estou aprendendo a lidar, a cuidar.
Como diz a música, não quero que seja um sentimento ou um deslumbramento passageiro.
É preciso criar raízes, mas para isso a semente tem que irromper... E pode ser que doa.
E também vou descobrindo, entendendo, me surpreendendo e me encantando.

É o melhor de mim.
E eu confio que vale o meu tudo.

"...e se não estivesse, se não te tivesse, seria menos eu...".





sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O assunto mais bonito da cidade

Essa ânsia de amar, de ter alguém, de ser amado e até de sofrer por amor.
Amor é o mal do século.
Esse amor que só quer satisfação, amor egoísta, amor que não sabe renunciar.
Tudo gira em torno dos relacionamentos; televisão, música, cinema, comércio...
O post mais comentado, compartilhado e visualizado deste blog é sobre relacionamento.
Pior, sobre mulheres que amam...Quer coisa mais clichê?
Certo, por baixo dessa imagem de independente, mulher do século XXI, existe uma alma.
Fatalmente clichê.

A questão não é essa.
O que me pergunto é porque essa juventude é tão carente?
Frases de Clarice e de Caio Fernando de Abreu são publicadas aos montes (por mim também).
A classe depressiva da poesia e da prosa está mais presente que nunca!
Alguém viu Mário Quintana passando por aí?Não.
Poesia sobre hipopótamos e passarinhos não agradam aos corações sedentos por palavras de... Sofrimento?

O que faltou para essa geração Y?
A geração da resposta rápida, do cidadão universal, da comunicação, do acesso fácil, do não sofrer...
Seria uma curiosidade em conhecer o amor devoto, do tempo que as relações não eram líquidas?
Um vazio talvez, um querer esperar, não conhecer, de lutar por algo, algo que não está nas prateleiras.

Se existe problema, a solução é o amor.
Aquele de sempre, sem esperar, gratuito, devoto.
A fome e a sede infinita dessa geração é de amor.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Felicidade não tem hora

Felicidade não tem hora, mas sinto que ela vai chegar daqui a pouco.
Saint Exupèry expressou bem quando disse "...se tu vens as quatro da tarde, desde as três serei feliz"; mas não espero uma pessoa, um acontecimento, espero a própria felicidade.

Sou feliz e é incrível ter esse dom de enxergar no concreto algo tão abstrato: vejo a felicidade no que tenho nas mãos e no que construo, no que planejo.
Não é falta de criatividade ou de coração "engenheiralizar" o mundo. O resultado de uma integral sempre carrega uma constante incógnita.
Confesso que tenho uma equação de felicidade na cabeça, mas sei que sou capaz de simplificar ou agregar variáveis.
E a vida é um pouco disso...

Acredito que é possível ser feliz de muitas formas, mas que existe um caminho que conduz para a plenitude.
Felicidade também é apreciar os tijolos amarelos, dar sentimento ao homem-lata, alimentar de coragem nosso leão e educar nosso espantalho, mas sobretudo é caminhar, mirar no fim, querer vencer.
O caminho não vale a pena se não há um fim.

Saber onde se quer chegar já é motivo para sorrir, mas se você não sabe, ser curioso já vale a pena.
A estatística e a probabilidade dizem que já vivi um terço da minha vida; escrevi um livro e plantei infinitas árvores, não falta muito para terminar minha missão e ainda tenho dois terços de vida para aproveitar essa terrena passagem.

Hoje está sol depois de tanto frio, eu acordei cansada, mas sorri.
Hoje não ganhei um abraço, mas sei que alguém sente falta do meu, e sorri.
Hoje é mais uma oportunidade de ser feliz, e eu não perco oportunidades.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Que dia lindo!

"A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano". Victor Hugo

Esse meu riso aberto, a gargalhada que obriga a me curvar ante a alegria de abraçar a vida; a felicidade que entra e faz faltar o ar... Isso é muito meu.
Prefiro sorrir, mesmo que um sorriso tímido, quase forçado, amarelando...
Escolhi pegar a vida pela mão e passear com ela em um dia ensolarado, de céu azul e cor-de-rosa.

Não é uma casca, não é superficial.
Está aqui dentro, arraigado, não quer sair.
Optar pelo sorriso não garante que a felicidade venha, mas é como gritar seu nome.
Aceito a realidade das lágrimas, mas também sei que elas não nascem só da tristeza.

Não quero mais esperar a perfeição para sorrir.
O que tenho é um sorriso imperfeito, meio torto, separadinho...
O segredo é esse: sorrir, rir é contagiante.
E quem nunca riu do riso, atire a primeira gargalhada!

Perdoe meu humor sarcástico, a falta de graça, a indelicadeza e o que possa magoar.
Eu arrisco, tento, me jogo. 
Não há sorte sem ousadia, sem dar um salto, sem comprometer algo de si.
Já me comprometi, minha cara de riso sempre me compromete...

Abri os olhos, a janela e o coração.
Arejei, sacudi a toalha de mesa, coloquei uma flor na varanda, convidando a entrar.
Pode chegar, não precisa trazer muita coisa.
Um abraço, um carinho, um sorriso, o que quiser, mas venha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Braços abertos

"O homem está condenado a ser livre". Sartre

Sartre defendeu que a liberdade dá ao homem a capacidade de escolher os múltiplos caminhos que se apresentam.
Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser, e sempre poderemos mudar o que somos.
O que o limita é sua própria natureza; o que impede o homem de voar como um pássaro não é sua vontade, mas sua ausência de asas.

Condenados à liberdade, escolhemos ser escravos.
Mecanicismo, relativismo.
Somos condicionados a acreditar que ser livre é apenas estar liberto do mundo, mas poucos desejam estar libertos de si.
Visão umbiguista do mundo, massificação, conceitos e preconceitos que carregamos em nossos pacotes "geração X", "geração Y".
Quando nascemos já escolheram nosso combos, mas somos fadados a carregá-los até quando?

Existe escolha, existem caminhos.
Ser livre não é apenas escolher uma estrada, mas a melhor estrada.
É um trabalho árduo e intenso de renúncia de si, de se aceitar e se negar, evoluir, transcender, autoeducar-se.
Como encontrar a felicidade se não sou livre de um chocolate, da minha preguiça, do que acho que os outros acham, dos olhares de reprovação, da incompreensão?

Quantos passam por este mundo sem mesmo saber quem são?
Para ser livre é preciso saber o porquê de estar aqui, o porquê de ser único.
Que peça sou nesse tabuleiro da vida, qual é minha língua nessa Torre de Babel?
O que existe debaixo dessa casca de sociedade que endurece meu coração e minha mente?

E qual é a medida, o parâmetro, a direção?

O que é mais livre que o amor?
O amor não espera, não se envergonha, não se cansa, não conhece o julgamento, é a própria justiça, o que nos assemelha ao divino.
O que construímos no alicerce do amor é sólido, pois o genuíno amor só conhece o bem; liberdade é optar pelo bem.

Almas livres são almas que amam.
Encantam com sua forma de viver, amar, pensar organicamente.
Tocam, comovem, movem.
Não arrastam, mas conduzem à liberdade.

É preciso mais que querer.
Colocar para fora esse suspiro, essa leve dor no coração, esse ímpeto, fogo que queima no peito.
Abrir os olhos sem a carapaça de nossas gerações, olhar diferente.
E se o que realmente precisamos enxergar é visto com o coração, que ele seja todos os nossos sentidos.

E dentro do que sou e do que estou construindo tenho pedaços tão livres, tão soltos.
Se movem, mudam de cor, de forma; são o que são, mas nunca imóveis, nunca sem deixar de ser melhor.
E deixam, abandonam, renunciam sua antiga imagem para ser o novo, ser a resposta para esses tempos.
Da liberdade vieram, para a liberdade voltarão.

- Por que as pessoas nas fotos com o tema liberdade estão com os braços abertos?
- Porque elas abriram o coração, oras! Ou seria para voar?

sábado, 23 de julho de 2011

Encantar

Pessoas me encantam, me fascinam.
Seu coletivo, sua individualidade, sua transcendentalidade.
Pessoas me surpreendem com suas histórias, seus sentimentos, escolhas.
Me surpreendem com a capacidade que geram em mim de amá-las, de ser meu motor.
Viver é essa arte de encontrar, reconhecer, de ser.
É como aquela curiosidade de abrir um presente.
Pessoas são presentes.
Podem ser seu disco preferido (que você não se cansa de ouvir) ou mais um par de meias, enfim, mais um.
Não gosto de escolher, prefiro que a vida os traga.
E fazendo jus a essa curiosidade nata incontrolável, o diferente me atrai.
Diferentes que se assemelham à bugigangas tecnológicas, pedem meu tempo, fazem meus mil "eu" entrarem  em conflito, pedem meus dons, minhas fraquezas, pedem meu todo e me fazem um novo "eu".

Então eu espero, desejo, anseio que venham.
Com essa transitoriedade mágica, esse vai e vem desgovernado e atrapalhado.
Venham para me reinventar.
Venham para que eu me descubra, redescubra, reconheça ou que me perca.
Com tudo que possuem, suas mil facetas, sua novidade, seu todo.
Com sentido, perspectiva, direção ou apenas vagando.
Deixem-se perder os laços que prendem e se abram na confiança de que só quero mais uma vez me encantar.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Aos amigos de fé, irmãos, camaradas...

Nada mais constrangedor que um "obrigado".
Para isso inventaram os abraços.

E...
Não me agradeça, pois é para isso que estou aqui.
E se não estivesse, e se não te tivesse, seria menos eu.

Posso ver o  Engenheiro da vida traçando as linhas da nossa história.
Um traço leve, horas pesado, horas sem traço...
E, providencialmente, se encontrando.

Nos meus traços cabem poucas palavras.
Em nossos traços, poucos abraços.
Parece até que o destino esqueceu de ser solidário.

Cabe ainda algum constrangimento?
Obrigada.
Para compensar: amo você.

20 de Julho, dia do amigo.



segunda-feira, 18 de julho de 2011

Goteira

Há dias que abro a janela e só enxergo cinza, como se o meu céu cor de rosa fugisse pra outra janela.
Meus problemas transformam-se, agigantam-se, amedrontam, perseguem... Meus fantasmas.
Sem céu e sem chão flutuo em um vazio que se apropria de tudo que me preenchia.

Dias que o melhor lugar para estar é um abraço, numa lacuna do tempo onde não importa se é segunda-feira e quantas horas tenho para dormir.
Leio e releio minhas próprias reflexões e fica a dúvida: quem é essa inabalável que vive dentro de mim?
E essa cara de choro é na verdade uma alergia às minhas fraquezas.

Meu coração não consegue respirar. Sufocado, apertado...
Sinto uma mão o esmagando, e quase vejo escorrer pelos braços a coragem, a confiança, tudo que me oxigena, que renova.
Resta a heroica palpitação que não desiste de mim.

Contrapondo essa tendência de caos tento lembrar de ser feliz.
Organizar as prateleiras dentro de mim, esticar os lençóis...
Repito: não amargar, não amargar, não amargar.
É mais fácil explicar um sorriso que uma lágrima.

É uma enxurrada de pensamentos, sensações, sentimentos, lembranças e saudade.
É uma tormenta onde não consigo nadar.
Não quero afundar, afogar, me perder, mas...

Na minha janela está chovendo, e tem uma goteira dentro de mim.


terça-feira, 12 de julho de 2011

O lado doce da (minha) vida!

Fui convidada a fazer a sociedade a pensar um pouco sobre uma esperança, uma vontade, um desafio: a cura do diabetes.

Você acredita na cura do diabetes? Você acha que existe uma pressão da indústria farmacêutica contra a cura, por se tratar da doença que gera mais lucro para os laboratórios? Ou isso é somente uma teoria conspiratória? Como seria sua vida sem o diabetes, já imaginou?


Não vou me aprofundar no que é o diabetes, podem encontrar informações no site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
É uma doença auto-imune onde as células beta do pâncreas (produtoras de insulina) são destruídas pelo próprio corpo. A insulina é importante para que a glicose (sim, podemos chamar de açúcar) consiga chegar às células para ser transformada em energia! Sem insulina a glicose  se acumula no sangue e isso pode gerar uma série de complicações.
O usual é que o diabético monitore sua glicemia (taxa de glicose no sangue) através de um teste chamado dextro (todo dia e várias vezes ao dia) e utilize a insulina exógena, por meio de seringas, canetas ou bombas (Sistema de Infusão Contínua). Além disso é importante a realização de exames frequentes (ligados à visão, rins, circulação, entre outros), uma dieta adequada e a prática de exercícios físicos.

Olhando assim parece simples, mas o sobe e desce da glicemia nos deixa mais nervosos que montanha russa! Para um adulto entender que deve controlar doces, levar picadas e ainda assim passar mal as vezes é difícil, mas para uma criança é um pecado. No caso de hipoglicemia (pouca glicose no sangue) os sintomas são tremores, sudorese, indisposição, alteração do humor, medo de morrer, confusão, delírio, dificuldades na fala, convulsão, coma...E no caso da hiperglicemia (excesso de glicose no sangue) poliúria (excesso de urina), sede que não passa, cansaço, náuseas, vômitos, coma. O maior problema dessas alterações é que a longo prazo podem trazer sequelas gravíssimas para o diabético, como a perda da visão, de membros, complicações nos rins, etc.

Descobri que era diabética em dezembro de 1994, fiz sete anos em janeiro de 1995, quando entrei na primeira série do colégio. Muitas mudanças para uma cabecinha...
Lembro de experimentar  adoçante (urgh!), mas não me importar muito. Algumas idas ao médico, a rotina com as picadas, nada que tenha me abalado.
Primeiro dia de aula: um mundo novo para descobrir. Segundo dia de aula: hipoglicemia. Terceiro dia de aula: reunião da professora com os colegas sobre meu diabetes e a orientação de que eu não podia comer doces. Quarto dia de aula: decisão de não comentar com ninguém sobre o diabetes.
E assim foram dez anos de negação da doença,todos os anos os médicos diziam "em cinco anos virá a cura"; e até hoje em cinco anos virá a cura.
Fui uma criança, adolescente e jovem rebelde quanto à isso, nem meus melhores amigos sabiam do diabetes, era algo muito, muito, muito particular, que até eu fazia questão de esquecer. Quando ouvia falar de diabetes na aula suava frio, tremia com medo de alguém dizer "a Roberta é diabética!".
Morei com meus pais até os dezenove anos, traumatizei a família inteira com algumas crises de hipoglicemia, convulsões que por pouco não me levaram embora... Por um momento achei que estava condenada a sempre ter que morar com alguém cuidando de mim, observando meu sono, me socorrendo...
E livre como sou, decidi sair de casa.
Há cinco anos moro sozinha, há 500 km da cidade da minha família. Um choque no começo, principalmente para minha mãe super coruja que sempre cuidou de mim com tanta dedicação e desespero. Eu entendo que amor possa sufocar as vezes, e acontecia... Já comeu?Já tomou insulina?Você tem que fazer dextro!Você tem que caminhar!Você tem que...Você tem que...Você tem que...
Cidade nova, vida nova! Comecei a aceitar minha condição, eu não PODIA passar mal, senão seria carregada de volta pra casa. E assim estou até hoje.
Passei por algumas situações, mas vou contar duas (as piores), uma de hipo e outra de hiperglicemia. Um dia eu não estava bem do estômago e não havia me alimentado direito, resultado (lógico): hipoglicemia. Estava sozinha no apartamento e por mais que eu tentasse comer doce de leite, água com açúcar, vomitava tudo. Tentei muitas vezes comer e não tinha lucidez para ir até um vizinho ou algo assim, chorei, rezei e dormi. Por algum milagre estou aqui. A outra foi na minha formatura, pelo nervosismo do momento entrei em hiperglicemia (sim, emoção também aumenta a glicemia!), vomitei três vezes antes de entrar no teatro, garganta seca, visão turva, nem sei como consegui balançar o canudo e ler a homenagem aos mestres; não pude comer no meu jantar e por Deus não morri, de verdade e sem exageros.

As pessoas sempre fazem cara de dó quando descobrem que sou diabética. Sinceramente? Não me importo com nada do que vivo, mas dou tudo para que meus filhos (e seus filhos) não passem pelo que passei.
Se eu sofri e me privei de coisas da vida? Sim, muitas. E quem me conhece (bem de pertinho) sabe quais foram e o impacto que causaram em minha vida. Caminhos de Deus.
Tenho o lema "prefiro viver feliz por sessenta anos do que triste por oitenta". Não vou dizer que tenho um controle maravilhoso e nem esporte eu pratico; não passo vontades, geralmente não deixo de aproveitar a vida por causa do diabetes.

Coca Zero ou Coca normal? Coca anormal (Zero) porque eu gosto. E se formos classificar tudo em normal ou anormal, muita gente se surpreende...

Essa sou eu e meu lado doce da vida.

O outro lado do problema é que a indústria envolvida com o diabetes gera muito lucro. 12% do Brasil é diabético, e metade disso não sabe que é. O diabetes está na lista das cinco doenças que mais matam no mundo. A doença já era conhecida no século II e em 1921 a insulina foi descoberta, e desde então seus efeitos e formas de aplicação são melhorados. Atualmente existe a possibilidade do transplante das ilhotas produtoras de insulina, mas para cada transplante são necessários três cadáveres, o que o torna quase inviável.

Há tanta informação sobre diabetes e até hoje não chegamos perto da cura. Onde está o problema? Somos forçados a suspeitar da indústria, somos escravos dos remédios e insumos, linhas de produtos diet, entre outros... Movimentamos muito dinheiro! Será que isso é motivo para adiar? Será que nosso sonhos são vendidos dessa forma? Quantas crianças, jovens, adultos e idosos têm que sofrer privações, desilusões, exclusão, injustiça...

Se eu imagino minha vida sem o diabetes? Não sou tão criativa assim.
Se sou feliz? Muito.
Só que peço é que ninguém sofra comigo as consequências do diabetes, que eu não precise ser conduzida pela falta de visão ou empurrada em uma cadeira de rodas. Que essa anormalidade seja encarada com respeito e de forma humana; não é uma questão de Coca Zero ou Coca normal...

- Por favor, uma coxinha e uma Coca-Cola Zero.
- Olha lá, comendo coxinha e tomando refrigerante zero, de que adianta?Tsc, tsc, tsc.

- Adoro maçã.
- Maçã não é doce?Você não pode comer!







14 de Julho - Todos pela cura do diabetes!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Paralelepípedo

Simplicidade.
Simples cidade.
Te encontro na quermesse, na singela alegria, na rima chorosa da música caipira.
A viola cantando as histórias do meu avô.

Perco meus passos e meu ritmo nas suas ruas de paralelepípedo.
E o fôlego eu perco nas tuas belezas, admiradas do alto, de cima da pedra.
Teu céu é mais estrelado, mais rosado e alaranjado, mais alegre, multicor na asa-delta que cruza o azul.
Teu céu tem mais sonhos, o teu norte mais futuro, mais direção.

A tua simplicidade tem o cheiro doce da panela apurando.
O sabor do morango maduro, o som do tambor do oriente e da desorientação do teu idioma.
Barulho de criança correndo, que vira música quando a saudade dá o tom.
Cheiro da chuva chegando, reiniciando o ciclo da água boa de beber.

Tua terra é tão sagrada e tão rica.
Volto às raízes quando os ventos querem me arrancar.
Teus bons ventos me ensinaram a usar o sopro para alçar meus vôos.
Como a cerejeira que se deixa ceder, pois conhece a profundidade e a firmeza de seu ser.

Simples cidade.
Meu lar, minha igreja.
Minha família, meus amigos, minha paz.
Meus sabores, meus cheiros, meus sons.
Minha cidade.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

De onde vem?

Há quem diga que é cíclico. Cinco ou sete dias do mês.
Ou ainda uma fase, dos quinze aos trinta, só no inverno ou nas primaveras...
Circo, birra, coisa que passa...
Sei e não sei de onde vem essa minha vontade de amar.

Meu primeiro amor: os cachos onde perdia meus dedos e os olhos azuis que eu mergulhava.
Devoto, eterno, sem limites. Amor só é amor se doa a vida, e foi de vocês que a recebi.
É tanto que nem sei entender.
Como a menina que ganha uma boneca maior que si; desengonçada não consegue brincar, senta a boneca na cama e brinca de silenciar.

Meu segundo primeiro amor: o próprio Amor.
Ele já me amava, sonhava meus sonhos.
Em sua figura feminina entendi que era eu quem devia sonhar os Seus, provando primeiramente o meu singelo amor.
Descobri o mistério do Amor, o sentir-se amada e, sem forças, não conseguir silenciar...

Meu terceiro primeiro amor: encontrar o Amor Maior nos valores e na vida que os cachos e os olhos azuis me ensinaram a viver.

Hoje vejo claramente que nasci para amar.
Busquei o Amor na Engenharia e o encontrei na entrega por um mundo melhor, pela água que gera vida, pelo solo que alimenta, pelo ar que nos mantém.
Também o encontrei em pedacinhos, dentro de cada um que se aproxima de mim. Estou atenciosamente colecionando, parte por parte, para completar.

sábado, 11 de junho de 2011

Fênix...A vida que vem da morte.

"É preciso morrer para renovar, é preciso morrer para renascer!". Blindes Fátima

Estou matando tudo que me mata pouco a pouco para me abrir a uma nova vida.
Já morri tantas vezes e sempre renasci; como a fênix que ressurge nas cinzas, quero deixar tudo o que é cinza para me colorir.
Tudo que é passageiro, tudo que dá adeus, o que é superficial, o que não é meu, o que me rouba de mim, o que me afasta da vida, o que acinzenta... Cinza, vai virar cinza.

Eu não tenho dúvidas da fecundidade que isso traz.
Um dia decidi ser semente, e a semente tem que morrer para gerar vida. E a vida veio, irrompeu. E é vida, é a minha vida.
E a vida é cheia de começos e fins, de morrer e renascer.

Não é a morte que me apaga, é tudo o que vai me matando sem que eu perceba.
Para ser tudo que quero tenho que morrer para tudo que me tornei sem querer ser.
Se quero ser os Seus sonhos, deixo morrer os meus. 
Se o coração me pediu, a vontade presenteio, de minha vontade. 

Estou nascendo, renascendo, renovando.
Não mais cinza, mas púrpura, alaranjada, azul, amarela...Incandescente.
Livre de tudo que me consumia, para livremente me consumir, arder por aquilo que vale a pena, valem as penas.

Excelsior!



terça-feira, 7 de junho de 2011

Milagre das mãos...

"...ah, como fizestes arder, fulgir, com o milagre das suas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas...
Essa chama de vida - que transcende a própria vida...
e que os anjos, um dia, chamarão de alma". Mário Quintana

Os calos, a vida, a alma, o milagre...Vêm das mãos.
O que minhas mãos estão construindo?
Minhas mãos já tiveram o calo do lápis, calos de violão, bolhas e cortes por cozinhar para as pessoas que amo.
Minhas mãos já aliviaram dores e tensões, já apertaram forte outras mãos, conhecidas e desconhecidas.
Já limitei às minhas mãos a vontade do abraço, abraçando em um aperto de mão.
Através das minhas mãos surgiram imagens; fotos que imortalizaram a alegria, uma pintura do Manacá de Tarsila, o traçado com o giz no asfalto para o tapete de Corpus Christi...
Minhas mãos escreveram e reescreveram tantas cartas, enviadas ou não.
Escreveram nomes na carteira do colégio, no box do banheiro, na capa do caderno, nas confissões do diário...
Minhas mãos cantaram tudo o que minha voz não pode cantar.
Afagaram e consolaram quando não havia palavras.
Se estenderam em caridade, mas nunca o suficiente...
Minhas mãos encontraram a perfeita união, uma com a outra formando o necessário para a oração.

Mas...

Minhas mãos são limitadas se não encontram outras mãos.
Outras mãos que dividem o carinho e a alegria da refeição e do lavar a louça na água gelada.
Que também me acarinham, tiram o peso que as vezes carrego nos ombros, que se unem com as minhas para cantar e orar.
Mãos que me sustentaram com seus calos, com seu amor e doação...
Mãos que apertaram as minhas e não imaginam a força que me transmitiram.
Apertos de mão que sei que também eram abraços...
E as Suas mãos, que me mantém fiel, filial e forte.

E hoje uno minhas mãos por todas as mãos que passaram em minha vida, mãos que se encontram com as minhas e também as que se encontrarão.
Não se esqueçam que por nossas mãos podem acontecer milagres, em nossas mãos cabem almas, nossa alma, cabem corações, cabe vida.

E em Suas mãos cabe minha pequenez e minha vontade, que é infinita.

Pe. José Kentenich



quarta-feira, 11 de maio de 2011

Esvaziando...

"Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele". Adriana Falcão

Para que servem os chás senão para esvaziar (a mente ou a chaleira)?
Sei que às vezes encho, preencho, completo, mas sobretudo, esvazio.
E hoje eu quero esvaziar.

Quando nasci olhei em volta e chorei. Vi que tinha algo errado, algo fora do lugar.
Não me lembro na verdade, mas suponho que tenha acontecido assim.
E desde então me incomodo, eu olho o tudo, e tudo me inquieta.

Longe de mim criticar obra tão perfeita do Engenheiro do Mundo, na verdade nós é que não entendemos o "espírito da coisa".
Como dar tinta guache a uma criança e ao invés de pintar ela comer.
É comum, mas não é natural.

Eu vejo gente reclamando de comida, sem lembrar de quem não tem o que comer.

Vejo gente dando prazo pra saúde.
Senhor secretário, um órgão do seu corpo não vai funcionar por uma semana, mas não se preocupe, depois tudo se regularizará. Desculpe-nos o transtorno, problemas de licitação.

Tem gente esmurrando porta por cinco minutos.
Se o motorista corre, é louco. Se demora, é inútil.
Cinco minutos são cruciais pra você?
Reduza seu banho em cinco minutos, acorde cinco minutos antes, escute cinco minutos, silencie cinco minutos, pense cinco minutos, ESPERE cinco minutos.

Se pergunto qual a frase de motivação do dia, logo ouço o negativo e irônico: querer não é poder.
Em contrapartida escrevo: querer não é poder, mas é o primeiro passo.
E eu quero, como eu quero...

Eu olho com esse meu olhar míope e já me sinto cega, porque não entendo.

Tudo é tão líquido, amor líquido, vínculos líquidos, verdade líquida, sociedade de massa.
Incomodados, retirem-se. Incomodados, acomodem-se.
Relativizem-se.
O que restou de sólido?
Ah, mas eu não vou liquidificar...

Eu venho de um lugar diferente, uma sociedade sólida, onde o amor, o amar, o pensar, o agir, os vínculos e a VERDADE são firmes, são raízes.
Lá a unidade não massifica nem conduz ao espírito de escravidão.
A magnanimidade está escrita nos portões desta terra, e tudo que é medíocre é abominável.

Perdoe minha falta de paciência ou compreensão, mas não se aproxime com esse negativismo.

Se você prefere enxergar defeitos, eu quero as qualidades, quero ser Pollyana.
Se você quer o caminho curto, eu quero o caminho certo, caminhos que levam aonde quero chegar.
Se você se basta, eu quero vínculos. Quero ser feliz desde as três da tarde se vens as quatro, quero cativar. 
Se você não acredita nesta causa, eu vivo e morro por ela.

Eu não vou me acomodar com o que incomoda, não vou deixar de sonhar, de querer, de lutar, de viver, de amar, de ser o que sou e também de mudar. 
Isso é porque EU QUERO. E querer...É o primeiro passo!

sábado, 7 de maio de 2011

Eu sempre vou lembrar do seu chá de alecrim...

"A mãe compreende até os filhos que não dizem". Textos Judaicos

Eu sei que vou chorar.

Eu lembro quando você disse que daria seu dedo mínimo em troca da minha saúde; e depois corrigindo-se do pequeno sacrifício disse que não, que trocaria a parte de você por esta parte de mim que não funciona.
E esta parte com defeito, que herdei de você junto com todas as qualidades e partes que funcionam perfeitamente, me colocou em seus braços tantas vezes... Para ninar, acalmar um pranto, inconsciente, quase partindo, mas resolvi ficar para não te fazer sofrer.

Quantas e quantas vezes abriu mão dos seus sonhos pelos meus...Aquela roupa, aquela viagem, a faculdade.
Nós filhos esquecemos que vocês também têm sonhos.

Esperou o caçula criar barba para voltar a sonhar, mas nunca deixou de sonhar nossos sonhos...


Quantas coisas te escondi, acho que para não te envergonhar, pois não era um gênio da matemática, a pessoa mais correta, o orgulho da família... Você sempre soube tudo, conhecia meu olhar, minha voz, meu respirar.
Eu só queria te poupar, como você também me poupou...

Eu lembro e sempre vou lembrar do seu chá de alecrim, de quando dizia que não ía arder porque era mercúrio e não merthiolate, de quando escondi seus cigarros pra não ficar doente, quando ficava a missa toda agoniada porque parecia que eu estava passando mal no coro infantil (acho que eu cantava mal mesmo), dos carinhos disfarçados de massagem,  de quando ligava para todas as minhas amigas pra saber onde eu estava (menos no telefone que eu tinha deixado na porta da geladeira), tantos quandos...

Eu parei de fazer presentes de papel e cola, cartões coloridos e faixas dizendo que te amo; nós filhos quando crescemos temos esse problema com "eu te amo". Ainda bem que vocês entendem o que a gente não diz...

Você é assim, meio fora do padrão; tem um corpo mais bonito que o meu e quer usar minhas roupas, gosta até de música eletrônica, é mais piadista que eu (e o alvo sou eu), mulher independente, trabalhadora, assume que investiu em uma bolsa linda, mas não pagou as contas...Mau-humorada de manhã, curiosa, sensível, altruísta, preocupada e desesperada, preguiçosa, linda e, enfim, A MELHOR.

E agora que estou longe sinto que estive ausente quando estava perto. Se posso me fazer presente nessa saudade crônica que vivemos, tenha certeza de que estou aí... Aquela criança com os dentes separados, um vestido vermelho, a franja meio torta, a sandália da Xuxa e um cartão dizendo como é grande o meu amor por você.

Um dia eu vou sonhar os seus sonhos...

terça-feira, 3 de maio de 2011

Violão de doze cordas

"Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música". Aldous Huxley

Quando nascemos, antes mesmo de abrir os olhos entoamos nosso cântico de estréia. O choro, um pouco desafinado, é a música de entrada na vida.
Ao partir, já sem forças para cantar, o trompete canta, grita alto a música de adeus, afinado e fúnebre.

A música é um canal de comunicação, primeiramente horizontal, entre nós mortais, e vertical, pois possui a capacidade de conduzir ao divino e assim imortalizar-se. Platão defendia que algumas combinações musicais elevavam e outras animalizavam o homem.
Não há conhecimento de povos que não possuam manifestações musicais, seja para demonstrar sua força nas guerras ou sua alegria nas festas. A humanidade sempre encontrou na música a melhor forma de transparecer o mundo intangível dos sentimentos, assim tornou-se uma espécie de materialização da alma.

Lembrar de uma música nunca é apenas lembrar de uma combinação de sons, mas de épocas, sentimentos, histórias, sabores, cheiros, gestos...

Saber ouvir uma música é algo especial, mas construir, lapidar uma música é sublime.
Notas, acordes, tempo, compasso, pausa.
Grave, Largo, Lento, Adagio, Andante, Moderato, Allegretto, Allegro, Vivace, Presto, Prestissimo!

De todos os elementos, gosto da pausa. Ironicamente, silêncio é música.

Não sou musicista, a vida me escolheu e me brindou com alguma habilidade.
Há dez anos que as cordas me amarraram, quando tomo o violão junto ao corpo ele é parte de mim. Depois vem a arte de incorporar o sentimento de quem criou a música, letra e melodia, ou ainda materializar meus próprios sentimentos.

O músico faz com os sons o que o poeta faz com as palavras, ambos são amantes da instrospecção, dos momentos que partilham somente com seus instrumentos, violão ou caneta.
Leminski disse "...acordei bemol, tudo estava sustenido...". Não basta ter conhecimento musical para entender esta frase, é preciso viver a música. Bemol e sustenido na matemática musical são a mesma coisa, mas não para nós que provamos o outro lado da música. Se ele dissesse "...acordei meio para baixo, tudo estava meio para cima..." não seria poesia...

Harmonia é um elemento musical, é a combinação dos sons que formam um acorde. O músico ordena seus caóticos sentimentos por meio da criação musical, dá harmonia, materializa.

Se eu não posso chorar, eu busco a arte da música. Choro nos meus acordes, fico só com meus solos.
Se meus sentimentos são intangíveis, impossíveis e improváveis dou harmonia, realidade, vida.
Esse aço me mantém firme, machuca meus dedos, mas presenteia um som aberto, forte...Colérico.
Esse nylon me torna flexível, é delicado às mãos e aos ouvidos, cede, tem um som abafado, suave, doce... Melancólico.

Acho que sou um violão de doze cordas, metade aço, metade nylon.


Homenagem à pessoa que irá compreender profundamente este post.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A criação e o Criador

Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas". Romanos 1:20

Uma das certezas e alegrias da minha vida é que a criação revela o Criador. 
Assim como o artista revela toda sua emoção, sua alma na obra de arte, o Criador se apresenta nas mais belas e complexas formas da natureza.
Não somente o Criador, mas nós co-criadores também doamos algo de nós em tudo que criamos ou alteramos. 
Dominamos céu, terras e mares, submetemos a criação a nossos atributos.
O Criador é imensidão, diversidade, complexidade e equilíbrio.
Quais valores revelamos por meio de nossas obras?

Bem-aventurados os amantes da natureza, porque estes já viram e experimentaram um pouco de Deus!
Se as obras não estivessem presas a nossa visão limitada saberíamos que a vida que a água representa não cabe em um cano de PVC, que a diversidade não cabe na jaula, que o que é divino não tem nossa medida, que harmonia é liberdade e cuidado.

Em algum lugar, doce como o mel, um coração amargo buscava respostas, verdades. Angustiado, inquieto, inseguro.
Existe uma lógica? Providência ou destino? Remador ou marionete? E se não houver verdade?
E o bater das ondas foi como um sussurro chamando atenção para o mar; imensamente azul...
A Física, a Química e a Matemática explicariam tudo. Quantos metros cúbicos, a equação que regia o movimento das ondas, o azul, mas...E o inexplicável? Essa paz, esse abrigo, essa liberdade...
O coração sentiu-se pequeno...Pequenininho...Foi diminuindo...Virou gota.
Ficou doce.
E pequeno, doce, abrigado e livre na imensidão constatou: sim, Ele existe.

Quando vejo o sol se pondo e  iluminando as araucárias e os prédios, sutilmente convidando pássaros e homens a aninharem-se, meu coração se aperta pelos que não sentem-se parte, ignoram a responsabilidade de co-criar...
Ele, o Grande Artista, nos deu pincel e tinta nas mãos; seja Tarsila, Miró, Picasso! Não seja uma tela vazia, amarelada...Quais as suas melhores cores?



terça-feira, 26 de abril de 2011

O segredo, a caixa e a prece

"Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros...". Caio Fernando de Abreu

Sabe aquela caixinha no fundo da única gaveta chaveada da sua escrivaninha? O coração também tem uma.
De um lado: cartas de amor, de amizade, aquelas fotos de infância que ninguém (mesmo) pode ver.
Do outro: os olhares e o beijo atrás do colégio, as gargalhadas dos fiascos e bebedeiras. aquela saudade de um tempo que já foi, mas ainda guardo na minha caixinha particular (e secreta).

Meus segredos não são tão secretos, são quase presentes que revelo de tempos em tempos para quem merece guardá-los (ou dividir o fardo) comigo.
O que me é segredo, me é sagrado.

Escondemos o que nos envergonha, o que nos expõe, o que é mais nosso, o que é precioso...
Segredo não é falta de sinceridade nem confiança, é segredo (é sagrado).

Tem segredo que nem pra Deus eu conto; Ele sabe tudo, mas faz de conta que não sabe só pra alimentar essa minha necessidade de estar só com a minha linha do tempo.
Vou editando meu filme, corto a cena, câmera lenta, apago a luz, mais cor, solto aquela música de fundo... Fade-out pra finalizar e valorizar o cenário.

Voltando aos segredos.
Saint-Exupéry diz que "... em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos...".
Prefiro a idéia de uma caixinha. Segredo é pequeno, espremidinho... Segredo espreme, aperta por si.
Tem segredo que a história todo mundo conhece, mas o que se passou no coração ninguém sabe. Quem dera ter perdido a chave da gaveta para nunca mais lembrar...
Quer pergunta mais infeliz que "tudo bem?" quando acabamos de guardar um segredo desses na caixinha?
- Com licença, me deixe a sós com minha caixinha de segredos, obrigada.

E assim vai, de segredo em segredo, até que a caixa encha o fardo, mas eu aguento mesmo cheia.


Esse segredo poderia ser meu, ficava tudo certo, podia ser coisa da minha cabeça, não da sua.
O filme da sua vida é tão mais bonito que o meu. Daqueles que a gente ri, chora e ainda fica pensando depois. 
A gente só permutava uma parte do roteiro, eu até gosto de drama.
Eu poderia guardar as quedas e tropeços na minha caixinha, bem guardadinhos.
Infelizmente é cada um com seus segredos...
Fica assim, o seu segredo também me espreme para não esmagar você; essa minha prece é meio segredo e muito sagrada, coisa minha e de Deus. A gente guarda tudo na caixinha e coloca lá no fundo, bem no fundo do coração...Feito?



domingo, 17 de abril de 2011

Sobrados

"Harmonia se opera com diversidade. Sintonia é sinfonia". Demétrio Sena

Olho aqueles sobrados, lado a lado, cor verde erva-doce, mas falta doce...Falta gosto...É tudo igual!
Antes era um beco, um fim de mundo, no fim ficou tudo no chão. Ficou um vazio, valorizou.

Depois  veio a fundação.
Antes, lá no beco, a vida não era fácil; muito ferro, pedras no caminho e os olhos cheios de areia...Precisa de algo mais concreto?
Esparramaram o concreto deles. Ah, fundaram!

E, tijolo por tijolo em um desenho lógico, foi-se a vida e vieram as paredes.
Infeliz engenharia, busca a lógica no óbvio, no igual.
O Engenheiro do mundo não planejou um piso frio e uma fachada monocromática.
O céu consegue ser diferente todo dia, isso é lógica.

No beco todo dia era diferente, cada semana uma parede nova, uma tinta, um lençol estendido colorindo o cenário. Não tinha casa verde erva-doce, mas não faltava doçura, não faltava tempero.
Tinha família de mãe solteira, pai solteiro, filho solteiro, vó e vô solteiro também.
Meia dúzia de carros parados na calçada, o fusca branco era o único que andava, estáticos, quase obras de arte.

Agora, nos sobrados, meia dúzia de gente igual, que pensa, ama e age igual.
Meia dúzia de carros iguais, indo aos mesmos lugares, educando seus filhos na lógica ilógica de um mundo monocromático.

Tenho saudade do beco, da harmonia desarmoniosa das cores e formatos, das crianças brincando, do velho pitando, da diversidade que se assemelha tanto com a grande obra do Engenheiro do mundo.

Por favor, não construam mais sobrados nem pessoas iguais, já estão sobrando.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Madrugada!

"O que há de mais tarde do que a madrugada?Não será a madrugada o alvorecer de um novo dia?". Sobreira

O dia traz tanta luz, tantos sons...Acordamos e dormimos sem ver ou escutar.

O corpo dos diurnos é tão limitado.
Estão treinados para ignorar a buzina, a propaganda que a rua oferece, anestesiados não sentem os esbarrões em meio à correria. Estão embriagados. Beberam pressa, comeram o relógio, estão saciados de cobranças.
E o coração? Ulcerou... A frieza corroeu um pedacinho todo dia. 
Olhos, ouvidos, boca e mãos são insensíveis, indolores aos que pedem por gentileza um momento de atenção, um pedaço de pão, um trocado para a pinga (estes não querem se embriagar com pressa).
Fechados em uma sala, quadrada e sem janelas à sua imagem e semelhança, ignoram o nascer e o pôr-do-sol.
Limitados e quadrados, como a televisão que os espera depois do dia de trabalho (será que fez sol ou choveu hoje?).
Bom dia e boa noite para o chefe, afinal ele está acima de todas as outras pessoas que cruzaram seu caminho neste dia de clima incógnito. Aos vencedores as batatas e as gentilezas.
Almoço: comida no microondas, que à sua imagem e semelhança tem a capacidade de murchar as coisas. E é quadrado.
Jantar: televisão, enquanto mastigam algo sem importância.
Deitar, rezar um mantra do sono (qualquer oração, afinal são apenas palavras que repetidas várias vezes trarão o abençoado sono). Sono.
Pi pi pi pi. Pi pi pi pi. Pi pi pi pi.
Bom dia (chefe, claro).

Por isso eu amo as madrugadas.

Também amo o dia, aprendi a gostar de dar bom dia e, mesmo sem ter uma janela, sentir que o sol se põe.
Gostar do colorido do prato e no jantar também provar da companhia e do carinho das mãos que preparam o alimento. 
De dia a face que encontrei nos meus sonhos se apresenta pedindo pão. 
Antes de dormir, obrigada Deus! Que cada pulsar deste coração seja um louvor de gratidão e que meu espírito não adormeça.

Enfim, as madrugadas!
O som da minha respiração, o barulho dos meus pensamentos, a presença dos indormíveis e a luz que a lua rouba para nos presentear (ilegalmente entrando pela fresta do blackout).
A sutileza ao andar ou abrir a porta (a diurna precisa dormir, mas essa diurna não é quadrada). 
Sentir o vento e o frio (principalmente aqui nas terras geladas onde venta mesmo com janelas fechadas). 
Mesmo as dores doem mais de madrugada (a ausência, a distância, a limitação e as cólicas).
A madrugada embriaga:o medo, este mal lembra quem é. 
De madrugada posso pensar o que quero, ilimitadamente. Posso até falar (ou escrever, azar dos que lêem depois).

No escuro não sou míope.

De madrugada posso tão pouco e posso tanto, então não sei o que é limite.

domingo, 10 de abril de 2011

Vive quem ousadamente vive!

"Seja qual for seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia". Goethe

A palavra ousadia em um primeiro momento pode soar negativamente aos ouvidos, sua origem do latim audere carrega o sentido de atrevimento ou audácia, algo inconseqüente.

Há alguns anos tenho explorado a ousadia; em 2008 pedi que traduzissem "santa ousadia" para o latim e a tradutora (muito sábia) aconselhou que ao invés de sancta audere eu adotasse sancta magni animi, termo que remete à grande alma.

Por que ousar?
Particularmente, atribuo à palavra ousadia outras três: coragem, confiança e atitude positiva (lembrando que palavras sem gestos não edificam).
Só a coragem não basta; coragem carrega um pouco de orgulho, de auto-suficiência, remar o barco sozinho o fará girar em torno de si.
Só confiança não basta; neste caso falo de confiar no outro, viver traz responsabilidades e se estamos em dois no barco e apenas um rema, não há confiança que mude o cenário do remador corajoso, navegaremos em círculos.
Só atitude positiva não basta; o mar sozinho pode te levar a algum lugar, mas não ao seu destino (seu objetivo, seu ideal).

O remador ousado é corajoso, sabe onde quer chegar e continuamente se prepara para alcançar seu destino. Sabe que não está só, confia no outro e isso o motiva; ele sabe onde quer chegar, mas também tem a responsabilidade de levar alguém. O remador é convicto de que escolheu o melhor momento para navegar, ele conhece o mar e o mar o conhece; o mar pode surpreendê-lo com algumas tempestades, mas o remador ousado sabe que logo virão bons tempos, acredita na vitória.

Que tipo de remador sou?
O mar é a vida.
O destino são nossos sonhos, nossos objetivos. Trabalhamos arduamente para conquistar nossos ideais ou são apenas idéias vagas, palavras bonitas?
O outro remador são as pessoas que fazem parte de nossa vida, que temos a responsabilidade de conduzir e deixar-nos conduzir. O outro remador também é Deus; Ele também quer remar! Sou orgulhoso e quero conduzir minha vida sozinho ou permito que Deus também a conduza?
É importante ter convicção ao tomar decisões em nossas vidas. O melhor momento implica em esperar as vezes, e esperar também é transformar sonhos em realidade. Conhecer o mar é conhecer a vida, observar, experimentar... O interior reflete no exterior (e vice-versa)  e qualquer manifestação de vida interfere ou é fruto do que acontece no macro universo e no micro universo.
A prova de fogo da ousadia é nos momentos de dificuldades, onde a atitude positiva é essencial. Reclamar, resmungar, colocar a culpa no outro ou na vida nunca resolveram problemas; essa atitude positiva também chamamos de fé, alegria de viver e até good vibes.
O mar acalma, a vida muda, como aproveitamos nosso tempo?

Grandes almas ousam e suportam as conseqüências.
Sempre lembro da passagem bíblica de Verônica, que ao ver Jesus caído foi ao seu encontro para enxugar seu rosto. Uma mulher, um lenço e a santa ousadia. Ela era mulher, não tinha direitos, estava ajudando um condenado, burlou os guardas... Porque se ele iria morrer? Ela sabia que precisava fazer aquilo, criou coragem, confiou, sobretudo porque mesmo sem ter consciência sentia que depois da tempestade viria a calmaria. A recompensa ficou estampada no lenço, ali Verônica entendeu que o ideal de sua vida se cumpriu naquele momento.

O amor motiva a viver ousadamente, o amor é a força que move o mundo.


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Solidariedade de destinos!

"Si amo a una persona, amo a Dios en esa persona". José Kentenich

Quantas pessoas marcaram sua vida?
Os amigos do colégio, das brincadeiras de rua, colegas de faculdade e de trabalho, amigos que fizemos no ônibus, namorados, família...
Como é bom lembrar daqueles que deixaram um pouco de si em nossa história e assim construíram esse mosaico de impressões, sentimentos, lembranças e decisões que somos.
Gosto da frase "...a saudade é um lugar que só chega quem amou..."; mais que momentos, fases, etapas, ciclos e épocas, amamos as pessoas (e seus respectivos mosaicos).

Por que pessoas?
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, e o amor e a capacidade de amar é que nos une e assemelha. Se sou capaz de amar é porque experimentei o amor, porque sou amado, porque encontro uma centelha de Deus no outro, pois Ele é o Amor.

Nós também abrigamos esta centelha em nosso ser; é uma força que move, obriga...E obriga porque somos responsáveis pelo que cativamos! Chamamos carinhosamente esta feliz obrigação de solidariedade de destinos.

Essa mútua responsabilidade é o reconhecer o que representamos na vida das pessoas, reconhecer que Deus age em nós e por nós, através da capacidade de amar. Não falo de religiosidade, de abraçar desconhecidos ou dizer "te amo" para qualquer pessoa, mas de fortalecer vínculos, de doar-se, de ser instrumento, dar sentido à nossa existência.

Nietzsche diz que "quem tem por que viver, aguenta quase todo como".
E porque não viver por esta centelha de Deus que está no outro?
Viver pelo outro, ser todo o outro, exige. Afinal um mosaico não é um quebra-cabeças que formará uma imagem perfeita ao fim, mas uma coletânea de pequenos pedaços diferentes, quebrados, coloridos, imperfeitos e que unidos se assemelharão à imagem idealizada.
Assim como nós, com nossos pedacinhos imperfeitos nos assemelhamos a Deus.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Chá de alecrim?

Sim, chá de alecrim! 
Vocês podem ter pensado que é alucinógeno, mas não é.
O nome do blog é "Meu chá de alecrim" pelos muitos chás de alecrim saboreados nesta vida.
O alecrim tem propriedades calmantes e nos dias de estresse físico e mental, antes mesmo que eu pudesse reclamar, minha mãe sempre aparecia com um chá de alecrim...


Certa vez li que o alecrim é a erva da coragem e também que sua origem etmológica está relacionada à alegria; juntando tudo isso nasceu o nome do blog, que espero que seja calma, coragem e alegria, para mim e para os que partilham esta caneca de chá.


A vida é uma chaleira fervendo, apitando, esperando...O chá é você quem escolhe. Qual o sabor da sua vida?